Resumo

Infecções por Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA) são cada vez mais comuns em ambiente hospitalar e na comunidade. A vancomicina é o principal antimicrobiano utilizado no tratamento das infecções de origem hospitalar, a partir das quais observamos o isolamento de cepas com sensibilidade diminuída. Este estudo teve o objetivo de avaliar a presença de amostras de S. aureus com heterorresistência intermediária à vancomicina (hVISA) em amostras de MRSA obtidas de pacientes em uso terapêutico desse antimicrobiano, internados no Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU), em Uberlândia MG. Foi realizado um estudo de coorte retrospectivo incluindo 96 pacientes entre setembro de 2006 e setembro de 2008. A ocorrência de MRSA foi realizada a partir de infecções de pele, tecidos moles, infecção de sítio cirúrgico e corrente sanguínea de pacientes internados ou atendidos no ambulatório do hospital que apresentaram diagnóstico de infecção por MRSA. Amostras selecionadas foram testadas quanto à sensibilidade à vancomicina pelas técnicas de diluição em agar e a heterorresistência, pela análise do perfil populacional, da área sob a curva (PAP-AUC). Entre as amostras analisadas, 93.7% exibiu o MIC para vancomicina entre 1 e 2µg/mL e em 2% o MIC foi de 3µg/mL. hVISA ocorreu em mais de 25% das amostras de MRSA, evidenciando a alta frequência do fenótipo, embora o valor do MIC convencional indicasse suceptibilidade à vancomicina. O percentual de mortalidade foi significante (P = 0.001), entre os pacientes infectados com o fenótipo hVISA. A presença de amostras heterorresistentes à vancomicina representa um risco potencial no futuro, e estudos multicêntricos devem ser realizados em nosso país para esclarecer taxas de prevalência e determinar a relevância clínica deste fenótipo.